Introdução Ir. Anna Maria Parenzan

Encontro Internacional de Apostolado e Economia 2018

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A pregação consistirá
na atividade tão intensa e fecunda
que é «comunicar aos outros
aquilo que foi contemplado» (EG 150).

Tenho a alegria de introduzir este importante evento de Congregação que nos dará a possibilidade de penetrar no coração da vocação paulina, redescobrindo o valor do momento criativo-redacional do nosso apostolado.

Agradeço todas vocês por terem acolhido o convite para participar desta assembleia assim diversificada. Representamos, verdadeiramente, o mundo paulino e nos sentimos aqui convocadas para experimentar, juntas, toda a energia profética da nossa vocação: a redação é de fato, a expressão fundamental da nossa missão; o Fundador traçou suas linhas sinalizadoras dedicando a esse âmbito importante de nosso apostolado orientações muito inspiradas.

Este encontro é a continuidade daquele ocorrido em nível continental em 2011-2012 quando, em vista da elaboração de um Projeto apostólico global, foi dada especial atenção ao momento difusivo e, de modo particular, sobre as livrarias.

Prosseguindo aquele itinerário, o 10° Capítulo geral nos solicitou a:

Redescobrir o valor do momento criativo e potenciar a redação, «essência do apostolado», fruto de oração, estudo, reflexão e colaboração. Investir novas forças paulinas nas várias formas de redação tendo um cuidado maior nas escolhas dos conteúdos e dos autores e requalificando os nossos setores editoriais, para que respondam sempre melhor às novas exigências pastorais.

No Planejamento do governo geral 2014-2019, havíamos individuado duas linhas de ação para responder a tais prioridades:

a) a programação de Encontros continentais de apostolado-economia centrados sobre o momento criativo, como etapa subsequente ao Projeto apostólico global;
b) o empenho em favorecer desde as primeiras etapas de formação o exercício redacional.

Considerando a necessidade de atingir objetivos concretos e partilhados, como vocês mesmas sugeriram, nos orientamos para um só Encontro em nível internacional, para refletir juntas sobre o empenho editorial como expressão eminente da docência paulina; clarear o rosto da Editora Paulinas no contexto das transformações atuais; aprofundar ‒ à luz dos princípios carismáticos ‒ quais conteúdos, destinatários, modalidades comunicativas assumir para responder às instâncias da evangelização hoje; definir as Linhas editoriais.

No Intercapítulo, celebrado há dois anos, percebemos como houve, nestes anos, um novo impulso ao momento criativo, privilegiando os textos escritos por FSP e realizando escolhas mais específicas dos conteúdos a serem editados, em resposta às reais exigências dos destinatários, em consonância com as diretrizes eclesiais e com as características paulinas de pastoralidade. Esse fato levou também a um progresso na editoria multimídia e a uma responsabilidade mais cautelosa para evangelizar no mundo digital.

Todavia, sentimos a exigência de qualificar melhor tal âmbito apostólico para difundir “pensamento paulino” e favorecer aquela virada missionária que todas desejamos.

A partir da tradição do Instituto…

Já nos Documentos capitulares, fruto do Capítulo especial, se afirmava que do momento criativo nasce toda a nossa ação apostólica (cf. DC 105). Em poucas palavras, estava sintetizada toda a tradição do Instituto que sempre identificou, na redação, o coração da missão.

Redescobrir a dimensão criativa e, como consequência, a bíblica, catequética, ecumênica é um dos “sonhos” que nos acompanha também neste tempo de preparação ao próximo Capítulo. “Redescobrir”, porque se trata antes de tudo de repercorrer a história da Congregação para recolher a agudeza de olhar do Fundador em ter-nos confiado, na Igreja, um mandato tão apaixonante e ter-nos encorajado a aspirar a horizontes sempre mais vastos. No primeiro editorial da revista Via Verità e Vita, pe. Alberione escrevia: «Somos devedores a todos pela natureza da vocação e segundo o exemplo de são Paulo e o coração de Jesus Cristo, Mestre divino».

No pensamento e nas diretrizes do Fundador emerge, desde o início, a intenção de preparar irmãs “escritoras” associadas à missão do sacerdote e, por isso, culturalmente bem preparadas. Na base da sua formação cultural, ele previu, num primeiro momento, os programas das escolas elementares, substituídos, depois, por aqueles do Liceu e, por fim, pelos cursos de filosofia e de teologia, do mesmo nível dos estudantes dos seminários. Ir. Luigina Borrano recordava que, já no primeiro noviciado canônico de 1929, o Primeiro Mestre afirmava repetidamente que dentre elas deveria haver jovens que deveriam exercer sua missão na redação, ao lado dos sacerdotes.

E em 1932, o Fundador sublinhava fortemente:

“É necessário que as Filhas de São Paulo tenham uma cultura que as coloque à altura de seu trabalho. Entre estes, em primeiro lugar, está a redação”. De fato… na base de uma transmissão radiofônica simpática, de um artigo que se lê em uma revista atraente, de um drama ou de um filme que atrai muitos aplausos, deve haver o trabalho duro de horas e horas de estudos. Na Igreja de Cristo deve haver os apóstolos que, quase sepultados vivos, no silêncio e na solidão, se utilizam da caneta para o serviço de Deus, depois de tê-la tingido no coração transbordante de amor” (Mi protendo in avanti, pp. 415-416).

No mês de fevereiro de 1936, pe. Alberione anunciava alguns “passos notáveis” que a Família Paulina devia dar «para corresponder aos desígnios de Deus». Entre esses “passos”, a formação das escritoras entre as Filhas de São Paulo.

E reforçava às primeiras FSP:

Os vossos anos não são inúteis; cada ano, de fato, vós conquistastes uma parte da vossa missão e subistes para o monte de Deus sobre o qual o Mestre Divino vos deseja falar. Ele vos diz: Vós sois a luz do mundo … Vós deveis arder como a lamparina, e, como ela, consumir-vos: consumir para o Senhor as forças físicas e todas as energias, a fim de que os homens conheçam a Deus… Vós deveis a todo custo dedicar-vos à redação mediante estudos bem feitos (FSP36, p. 491).

Em julho de 1938, o Primeiro Mestre escrevia com alegria, e junto com algum temor, pelo futuro:

As vossas riquezas não são os campos e as casas; a vossa verdadeira riqueza são as edições, os livros escritos por vós… Prometamos ser constantes em usar a caneta … Uma bela e devota oferta a são Paulo seria uma pequena caneta de ouro ou de prata em agradecimento pelas suas 14 epístolas, em oração, como compromisso. Este propósito seja inserido no exame de consciência como um dos deveres principais do vosso estado e da vossa Congregação. O Senhor vos pedirá conta… (CVV 72).

A “caneta”, símbolo do empenho na redação foi, efetivamente, colocada sobre o túmulo do apóstolo Paulo em 25 de janeiro de 1939.

A “graça da vocação” agiu na nossa pequenez e nos permitiu realizar coisas maravilhosas: através dos Centros editoriais, catequéticos, multimídia, as Filhas de São Paulo divulgaram a extraordinária experiência de luz e de graça que o Concílio vinha propondo e acompanharam e sustentaram a renovação bíblica, litúrgica e catequética.

Repercorrendo a nossa história, admiramos a coragem humilde de muitas irmãs, seu infatigável empenho na redação em geral e na catequética em particular, a fadiga do estudo e da procura constante de novas estradas para o Evangelho. E nos maravilha a insistência do Fundador em promover a missão redacional e em particular a catequética como «primeira e fundamental obra apostólica», relembrando constantemente os elementos irrenunciáveis: a centralidade de Cristo Caminho, Verdade e Vida e a totalidade da mensagem a ser comunicada. Ele mesmo confiou às Filhas de São Paulo algumas coleções de livros, como por exemplo, as biografias dos Papas, as obras dos Santos Padres, os Atos da Santa Sé, os álbuns ilustrados para crianças, os livros de formação para jovens e toda a obra catequética.

Relevantes são também as iniciativas propostas pelo Fundador à Primeira Mestra, a fim de garantir uma produção editorial fecunda e continuada. Recordamos a constituição da Sala São Paulo (1937), da Casa das escritoras (1952), do Ofício Edições (1957).

A apóstola escritora: Como uma chama do Espírito

Quando pe. Alberione falava do apostolado redacional, era particularmente inspirado. Dizia às escritoras de Grottaferrata, em 19 de dezembro de 1954:

Que as primeiras escritoras não sejam só santas, mas santíssimas … Foi Deus quem as colocou aqui, Deus quem colocou a caneta em suas mãos, é como se vocês recebessem as anotações de Deus e depois escrevessem. Vão à igreja, vão à visita e depois perguntem ao Senhor o que ele quer que vocês digam, depois escrevam. Dirijam-se à missa, à comunhão, ao tabernáculo…. e depois escrevam. S. Agostinho permanecia horas diante do tabernáculo, a cabeça apoiada no banco… Recebam sobretudo de Deus. Ouvir o Senhor! Que a de vocês se torne uma obra apostólica: «Opus fac evangelistae».

Colocamos vocês sob a cúpula para que lhes desça o Espírito Santo. Cada uma seja como uma chama. Se não for assim, o trabalho se torna árido, o coração vazio, parecerá que a caneta não quer escrever…

Conservem-se sob a ação do Espírito Santo, rezem à Rainha dos Apóstolos… Vocês devem querer-se muito bem, de outra forma, serão fios de ouro, mas separados uns dos outros. É necessário que sejam todas unidas, que se considerem parte importante do Instituto… Gostaria que sentissem a delicadeza de seu ofício… Sintam a delicadeza do ofício! Recitem a Ladainha para a formação dos escritores… Às vezes vocês se sentem distantes, separadas, no entanto é preciso que estejam aqui; e se esta casa não tivesse sido construída, o Instituto deveria preocupar-se seriamente em construí-la. Permaneçam aqui e encontrarão as inspirações em Jesus e verão que Jesus fará grandes coisas por vocês, como as fez para Santa Teresa e Santa Catarina…

Também em nossos dias o 10° Capítulo nos exortou a «redescobrir a natureza docente do Instituto para fazer a todos a caridade da verdade no mundo da comunicação»:

Enquanto Instituto docente, devemos «ser a luz; a cidade colocada sobre o monte, para a qual todos olham!». Por esta vocação, «a mais bela, a mais adequada aos tempos!», é necessário sempre «ler, estudar, progredir, instruir-se», porque «devemos acompanhar o mundo atual que sempre evolui; responder às interrogações deste mundo e dar a este mundo o alimento necessário, segundo a mentalidade de hoje». O apostolado, todavia, «seja sempre acompanhado pela humildade. É preciso dizer: Não são os que plantam, nem aqueles que adubam que levarão ao fim alguma coisa, mas Deus é quem a levará» (DC 14).

Para que a caneta cante em nossas mãos…

A memória desta história nos ajude a reencontrar, na graça da vocação, novo entusiasmo, nova coragem para lançar-nos para frente com espírito profético de ser, na Igreja, aquelas apóstolas da Palavra que anunciam com alegria e esperança «as abundantes riquezas» das quais fomos gratuitamente agraciadas.

Doe-nos o Espírito a graça de ser como antenas prontas a acolher os germes da novidade e de bem que o Espírito suscita também neste nosso tempo.

Doe-nos a graça de poder valorizar melhor os nossos centros editoriais, para que se tornem lugares de elaboração de pensamento, de empenho cultural, de estudo (cf. VC 98). Lugares onde se pode viver mais autenticamente a mística apostólica paulina, para que se perceba de modo mais intenso, a necessidade de ser canais de graça.

Doe-nos o coração ardente de são Paulo, o enamorado cantor de Cristo…

Pe. Alberione pedia assim aos sacerdotes escritores (mas pediria também a nós, hoje):

Ó sacerdotes escritores, escrevamos depois da santa Missa e tornemo-nos canais pelos quais o Sangue de Cristo passe de seu coração e inunde o nosso que, por estar repleto, derrama sobre os leitores…

Ó escritor Sacerdote, o fruto depende mais dos teus joelhos que da tua caneta!, mais da tua Missa que da técnica! Mais do teu exame de consciência que da tua ciência! (SP, 15 de dezembro de 1934).

Agradeço de coração as irmãs que, durante esses cem anos de história, mantiveram viva e resplandecente a chama da vocação redacional e catequética: uma chama que, auguramos, continuará a irradiar a luz da fé e da esperança sobre a humanidade de hoje.


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