Em memória de Mestra Tecla 2021

Carta de ir. Anna Caiazza, superiora geral

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Caríssimas Irmãs e jovens em formação,

Pouco mais de um mês após a morte de Mestra Tecla, em março de 1964, o padre Alberione assim consolou as Filhas de São Paulo pela perda de uma tão grande “mãe e mestra”:

Não chorem muito, porque ela não está ausente, ela está presente! Presente antes de mais nada no vosso espírito, naquilo que vocês receberam e que desejam conservar e viver. Depois! tanto no céu como na terra era necessário uma superiora, uma lá em cima e uma cá em baixo. E ainda mais agora que uma certa comunidade já foi constituída lá em cima, era mesmo necessário uma superiora, e o Senhor predispôs que houvesse uma lá em cima, e outra na terra. Depois vocês, especialmente aquelas que estavam mais próximas dela, recordem o que ela ensinou, o que ela fez…

Escrevo esta carta no dia em que o Evangelista Marcos nos fala do espanto de todos os presentes na sinagoga de Cafarnaum pelas palavras de Jesus, que “os ensinava como alguém com autoridade” (Mc 1,21), que comunicava um “ensinamento novo”, transmitido com palavras e obras carregadas do poder de Deus.

O meu pensamento dirigiu-se a Mestra Tecla. Na sua cotidianidade, tanto em gestos como em palavras, ela nos ensinou, tornando-se “sinal”, de que evangelizar não significa difundir o Evangelho, mas praticar “o Evangelho antes de o anunciar” (cf. CSAS 18,14); viver e comunicar o poder transformador do Evangelho, testemunhando uma vida “diferente”, na lógica das Bem-aventuranças.

Nos momentos difíceis, quando as coisas que acontecem parecem transcender as minhas reais possibilidades de discernimento e intervenção, recorro à Primeira Mestra. Gosto de parar diante da grande pintura, na parede do corredor, perto do meu escritório, e pensar no que ela disse e fez. Sua vida é um grande “livro”, no qual me inspiro e procuro aprender.

Alguns dias atrás, preocupada com o número crescente dos contágios no mundo, reli algumas das suas circulares, as que foram escritas nos anos da segunda guerra mundial. Há solicitações para manter a serenidade e a calma, para confiar em Deus “sob cuja proteção vivemos, aconteça o que acontecer”, para aprender a sofrer sem queixas “recebendo tudo das mãos do Senhor”, para rezar por aqueles que sofrem as consequências mais graves do conflito, para escrever com mais frequência aos familiares para os confortar, para valorizar a vida comum…

Fiquei particularmente impressionada e questionada com a exortação de continuar, “na medida do possível, o próprio apostolado” (VPC 62), porque, mesmo no perigo, a única preocupação deve ser a de procurar “caminhos de proximidade, mantendo nos nossos corações a capacidade de sentir compaixão pelas muitas necessidades que nos rodeiam” (Papa Francisco às Capitulares). Este é o significado daquela frase famosa da Primeira Mestra, que repetimos tantas vezes: “Emprestemos os nossos pés ao Evangelho para que corra e se expanda”.

Emprestar os nossos pés ao Evangelho, para ser um sinal de Cristo no mundo. Por isso, como nos ensina Mestra Tecla e repete o Papa Francisco na sua Mensagem para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, “comunicar encontrando as pessoas onde e como elas estão”, abertas à escuta, prestando atenção ao essencial, distinguindo a aparência da verdade, dizendo, com toda a honestidade, o que vimos.

Que Mestra Tecla continue a proteger, inspirar e acompanhar a congregação, esta “criatura” que ela viu nascer, fez crescer e pela qual ofereceu a sua vida.

Com grande afeto,

sr Anna Caiazza
superiora geral


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